domingo, 13 de novembro de 2011

FLAUTISTA (wikcionario wikdicionario wikipedia wapwdia infopedia )


Vendo uma pomba a voar
vejo que ela voa
de uma forma dramática!
Suas asas batem freneticamente
aparentando desespero
para se manter no ar
- no ar de cima!
Ar quente e corrente ascendente
porque uma pomba sem ar
onde se equilibrar
sobre coisas e bar
é uma pombo sem asas
um anjo que vai cair
descair
decair
qual folha
onde o outono geoglifou
um código de leis
para a morte
a par da morte
- que é amarela
na folha morta
no solo anti-oboé
- no solo claro-clarim-clarinete
território-terra de formigas
e outros seres em pistão
soprados sem asas
bolhas de chuva-d'água-pingando
- ser-em-bolha-não-alados
- território-terra de formigas
e outros seres
não alados
que não podem descair mais
- nem mais nem tempouco menos
do que não caíram
porque jamais caíram
senão na ficção conceptual
do céu revirado em terra
com um anjo sem apoio
sem estribo
- a cair!
à Caim
descaindo
decaindo
indo no ar a rodopiar
qual folha sem direção
na qual o outono geoglifou
um código de leis
para a morte
par à morte
- que é amarela
na folha morta
no solo anti-oboé
- no solo claro-clarim-clarinete
território-terra de formigas
e outros seres em pistão
soprados sem asas
bolhas de chuva-d'água-pingando
- ser-em-bolha-não-alados
que não podem cair mais
do que não caíram jamais
porquanto repito
que tais folhas
na zona morta do amarelo mortiço-amarronzado
de um arrazoado-enraizado
jamais sofreram a mais sofrível queda
de um pára-queda
que não para queda alguma
senão na ficção conceptual ou de interlúdio
de um ser para oboé insuflar
- um ser com alma respirada no oboé
aspirada naquele pistão
para boca aberta-alerta
no bocal do oboé que inspira
e expira o ar
( um oboé é um anjo da vida nos pulmões
e outro anjo de vida musical
nos foles das sanfonas
em comunidade na orquestra sinfônica-ou-filarmônica
em concerto para pomba-rola
ao som da barcarola
que rola no ouvido da rola
da singela rola
ave columbiforme
- que rola na serra da rola-moça...
Lá é aonde rola a rola e a moça?! )

Olhando de debaixo das ervas daninhas
que se danam em mim
percebo placebo
placidamente
que a pomba lá voante
em cima do monte
que lhe fica abaixo da asa
em frenético movimento
fico a cismar
solitário e em solitude
à noite enxameada por estrelas cadentes
que a pomba
não voa afobada
desesperadamente
à cata de justiça
que não existe
não está na corrente da existência
de um caudaloso rio verde
mas apenas na corrente da consciência
do homem
que tem sede
do que não existe
senão em sua imaginação
e para refrigério de uns poucos
que usufruem da própria justiça
( que a justiça é de alguns
e consequentemente para alguns
senhores da justiça política )
e angústia da maioria desamparada
dada à traças e aos trapos
mas não aos trapistas
monges de Cister
amantes da vida despojada
os quais prescindem de tudo
pois de nada necessitam
excepto de si mesmos
- nem de Deus tem eles mister
porém das pombas sim
eles não podem prescindir
para a vida
sobreviver
- para sobrevivência!
para ter terra sob os pés
escabelo
para por pés nus ou calçados
- mas sempre calcados
no solo para trompa
pois sem pombas no ar
não há pompa
porque não há ar
e se não há ar
não há respirar...:
não há o que respirar!,
pombas!!!
( senão um concerto para flautista
caído
sem vento
para movimento
de almas
nos homens
e nos oboés dos homens
e nas brânquias dos peixes
e nas narinas das pombas...)