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A lua assomou sobre o Edifício Flamboyant como se fosse um chapéu sobre a mole um adorno feminil compondo-se com os cabelos negros de uma mulher bela - na cabeça da beleza da noite em noturno pianíssimo ( A noite é a segunda beleza depois da mulher ambas carregando no ventre a pura poesia do eterno feminino de Goethe ) A lua cheia banhada no amarelo ouro - o plenilúnio pairando sobre a terra despojada do filão das minas gerais - filão de ouro e ferro e trem-de-ferro e ferrete e sais minerais e outros minérios e minerais de ferro e ferrugem ferruginosos óxido de ferro - tudo assente na terra e no dente do gentílico / pois a terra tinha tantas minas com filão que cabia na boca e dentes das gentes animava o sorriso áureo do garimpeiro - do mineiro matuto do tabaréu e da tabaroa bem como no nome de Minas Gerais / - atual estado de alguns eleitos para tal empresa porquanto estado no Brasil ainda significa feudo na prática práxis axial do vocábulo ou não o que diz o vocábulo mas o que manda dizer o dono da voz e vez porque aqui ainda funciona o moinho medievo É genético não tem muda está no vegetal do homem entranhado no sistema nervoso vegetativo - tudo transitando transido de medo entre a casa Grande e a Senzala que este é o Brasil social perene lido e escrito em genes ( está no genoma ) Portanto, mineiro, pegue a bateia e vem atrás das minas gerais ser mineiro - vem ser mineiro! conquanto cônscio de que os governos sempre roubam o quinto do ouro a história antiga sendo reescrita perenemente por sobre o pergaminho ou papiro ou papel da história das minas nos quintos dos infernos quando mandava El Rey de Portugal e Algarve Hoje continuam a levar do povo até o "quinto dos infernos!" se pudesse existir alguma fração matemática para designar o imaginário inferno de Dante um poeta que entrou no inferno em busca da bem-amada assim como já o fizera Orfeu inveterado lírico cantor cheio de candor no amor - galo cantor na zoologia enquanto instância da ciência e da zoomorfia ou antropozoomorfia enquanto deus na pele de Anúbis que ilustra bem o antropozoomorfismo que poesia um deus no mundo - pois poetizar um deus no mundo é o mesmo que postar - postá-lo nas aras e no saltares e no livro dos mortos - que sempre é o livro dos poetas! A onomástica da terra veio pelo veio das mimas então gerais demais - então minas gerais nome originário do veio da terra porquanto o que nomeia a terra diz da etnia e do povo da terra e dos andarilhos e arrivistas que vieram tomar o território aos indígenas com grandes bandeiras e espadachins cuja destreza leva a mão a escrever a história da vitória de Samotrácia - que a história é sempre do vencedor que a escreve sobre o pó e com o sangue dos mortos aos olhos vermelhos dos demônios a espichar o rabo até a cauda do fauno abarcando vida e morte o preto no branco o dia na noite o xadrez no tabuleiro Somente com os passar do pó dos séculos / depois que o tempo vira pó de madeira nativa / ( o tempo é a parte móvel do espaço ) / sai dos alfarrábios para os olhos dos sábios / desenhado com o dedo na poeira local da vida que foi alfa um dia cintilou em alfa do centauro para a vida que é agora quando o espaço empurrar um outro pedaço de espaço / que se desloca paulatinamente / formando o tempo ou o conceito do tempo ou a intuição do tempo conforme o tempo seja o temo real dado no mover do espaço ou o espaço filosófico de Kant-Shopenhauer que é um sentido interno no homem Dessa espécie de erosão espacial / que se passa na mente ou em natureza nasce o tempo / que é movimento de parte do espaço / movido a torque de algum motor / que se moveu primeiro / depois do motor originário / ( o motor de Aristóteles ) - motor, portanto, que se moveu segundo / ( e não primeiro, mas segundos antes / segundo os Evangelhos e os escritos no Tanakh e Corão / e em tudo que é santo e sábio livro ) / - motor movido a trilhões de anos após o movimento originário / cujo movimento ocorreu antes das estrelas / das cefeidas e anãs brancas / azuis amarelas vermelhas castanhas - antes da eclosão do universo / antes do segundo motor / escrito no espaço / descrito no tempo / - motor descritor lido prensado nos alfarrábios dos rabinos ( Ao ler o alfarrábios / os eruditos inteligentes provam apenas o sabor dos signos nos significados / enquanto eruditos simplórios se enterram sob sete palmos de signos mortos com os mortos despidos do contexto de alma e tumba ) Os sábios, entretanto, provam diferente do vulgo ignaro / parvo parcial parco e patético / pois detectam pelo gosto / a história em pó nos alfarrábios / (onde os mortos vivem em signos e micróbios conjuminados com ácaros traças carunchos... ) / e a relação que mantêm com a história escrita no alfarrábio lido / é tal qual como se fosse o ato de degustar a fruta do pequi / fresca e viva no sabor amarelo de outro ouro da vida / numa curva que alonga o amarelo das abelhas / - amarelo em mel e listas rajadas no abdômen / que prova o gosto originário da terra / em seu amarelecer para outono / transformando o sabor nativo da terra / em sapiência / gosto da terra / e do ser humano sobre a terra / na história que a terra escreve nas frutas / nas abelhas e nas flores / e no homem ali nativo / irmão dos vegetais e dos animais / filho da terra e d água que erodiu a terra / juntou o arenito e fez o ser humano / ao gosto da laranja da terra - o ser humano cuja história primeva foi escrita em seu corpo com geóglifos antes dos escribas por em sânscrito hebraico grego e latim - o homem em hieróglifos posteriormente em demóticos e por fim nas línguas alfabéticas - grego e latim que o homem moderno desde a história das línguas que narram e pensam as histórias dos homens das línguas alfabéticas está descrito e pensado e grego e latim ) / Sobre o flamboyant / ( "Delorix regia" no latim invulgar ) / flor-do-paraíso e pau-rosa / na voz corrente do vulgo / dispensada suposta malícia das brasas do pau-brasil / no pau-rosa que não evoca a rosa em cor e flor / nem a candura da acácia rubra / na cor da face em carmim da moça dente-de-leite / ou do varão no dente-de-leão / - erva daninha bravia pelos caminhos silvestres / aonde não anda pedestre ou quaisquer transeuntes / que não os silvícolas de antanho / tempos em flor para a palavra fulô / desabrochar o "logos" da flor ) / Sobre a mole do Edifício Flamboyant / a lua tal qual uma chapéu de palha pintado no amarelo da lua pia / adorna a cabeça do enorme prédio / como se fora o sorriso do gato de Alice / arrastada lá do País das Maravilhas / para o lugar onde a clareza dos montes é só metáfora / ou cuja toponímia é um exônimo para designar lugar em Portugal que em Portugal afiançam alguns existiam uns montes que designavam de claros - Montes Claros No mês quadriculado por quadrilhas de junho de Santo Antônio / onde abundam quadrilhas e fogueiras e fogos de artifício / e fogo-fátuos e bandeirolas a ataviar os espaços no tempo / de São João e São Pedro / que ainda andam mansos e santos na sua mansuetude / pelo meio do povo simplório em suas manifestações / - do povo das Minas Gerais / na santa terra prometida em filão de Minas Gerais / para onde peregrinou um arameu errante / que veio de longe e de antes / - muito antes que o tempo formasse o pó / que é o espaço de hoje do corpo / entre imaginários montes vislumbrados no horizonte ( ou seja, longe! de uma longura idílica como o amor romântico e o barco no rio com o pescador descendo pelos cachos dos cabelos da cachoeira cantante - cantarolante ) da terra abençoada com pequi no pequizeiro onde sobe o homem da poeira ao rés-do-chão para formar o corpo humano do nativo com a energia de fogo do sol que coze o homem e assim torna esse ser mera cerâmica industrializada pela natureza onde sobeja o pequi cozido com arroz - sápido e amarelo-pequi em nuance matiz por um triz! planta e fruta que dialoga com a língua anatômica e fisiológica sobre o gosto da terra e narra estórias vegetais e também diz do "logos" geológico da terra à sombra do vale entre as montanhas de Minas - minas sempre gerais pelos campos gerais / que miram a serra do espinhaço / e os arbustos floridos de roxo / na beleza plena do ipê roxo / que circula quedo e mudo / como se fosse uma baiana rodando a saia / na escola de samba / Acadêmicos do Salgueiro / estação Primeira de Mangueira / ou num Império Serrano com anum mais extenso que o romano / ao menos na parábola-palavra do aedo / sem medo de arremedo ou do anum negro que firma a casa da noite Subindo para os morrinhos / ao pé do morro / sonhando com o Santo Graal / vi a lua assomar com face amarela entre o Edifício Flamboyant e Deus / A lua interposta entre Deus e a mole do Edifício - vi-a na vida antes de codificar o ato de olhar palor de luar / em noite na qual pensava na mulher / que Joan Miró concebera numa obra de arte pictórica / Em uma noite em que pintara Joan Miró a mulher que amo! arrancada em raiz herbácea do surreal - aquela que somente vive em segredo e degredo de alma dentro de mim escondida do mundo arredia na ermida do rocio ou antes do orvalho fazer catedral templo para corpo humano onde os cavaleiros negros do apocalipse galopam mas não chegam nunca porque lá o espaço fica entre a lua falciforme negra e o espaço guardado pelo anjo do senhor - anjo de mau a pior de anjo a demônio cavalgando um corcel amarelo - cor do trigo da fome no Apocalipse / dos quatro cavaleiros andantes / arrostando moinhos de vento e moleiros moles / cuja armadura é a mole do edifício Flamboyant onde uma pá de moinho roda / pelo toque das mãos do vento / que move moinhos ( ventos são partes do espaço / que se quebraram do todo espacial / e se transformaram em porção móvel / - quinhão denominado de tempo / pois tempo é espaço móvel / ou parcela do espaço estagnado / que se partiu e se tornou espaço em movimento ) A lua que eu olhava era circular / ovalada ou elíptica como sói dizer o físico / para por o "logos" no jargão da física / que quantifica a luz na constante de Planck / ( Quão em quanta se mensurou o espectro da luz do corpo negro! / após a catástrofe do ultravioleta / naquele momento em tese! / não do momento, mas da tese / na equação literal pela borda da álgebra!... ) / Entrementes cismava eu com a mulher nada imaginária / ( e toda imaginação! ) furtada por uma água-furtada de autoria de Joan Miró / que do ( quedo?) quadro do artista célebre / fugisse amazona sobre um alazão ou égua abstrata para dentro da noite escura nada abstrata - noite acolhedora em trevas a vestir a mulher negra na noite / trajá-la com vestes talares nigérrimas / àquela deusa originária da água da placenta / que um dia ou em outra noite / desidratada cairá no pó da terra / como pó de terra / anjo decaído / ser humano morto / no retorno ao húmus / na volta ao ventre da terra / excetuada a mulher que Miró pintou / imortal na tela mental / protegido de bactérias carunhos e ácaros / pelo tempo que tem no abstrato / o anjo da guarda como relicário / depositário fiel dos tesouros da inteligência / encontradiços no museu do Ancião dos Dias / ( A vida goteja na decrepitude ) Pensava eu na mulher dentro da noite / quando olhei a lua a banhar de amarelo-sertão a mole do edifício / e a poesia aqui e ali plasmada nasceu em minha alma / naquele e neste momento ( nunca é neste o momento! - o tempo nunca é no tempo pois o presente é fugidio e tem mais tempo na lembrança do que no momento-minuto ou na hora do cuco sair alardeando no relógio suíço ) - momento ainda em idéia a caminhar caminheira na estrada - caminhão! a cavaleiro negro da mole do edifício / ( cavaleiro negro laçado no apocalipse! ) antes de vir parar à cova aqui cavada nestes versos mortos nesta escrita / ao descrever a mulher pintada pelo artista catalão / que a pôs em tese na tela / ( redundância no vernáculo para designar lugar ) / dentro da noite em obra pictórica / sobrando nas sombras da noite / nos meandros da alma / e fora do espírito que olha / a noite tingir o dia de trevas bastas / em cabeleiras compridas / ocultando a face feminina da noite / sob um véu negro de cabelos longos / - a mulher polifônica minha em poesia e de Joan Miró em tela escrita e desenhada pintada na surrealidade pela paleta do artista e os signos e símbolos do vate a cantarolar uma barcarola ou uma berceuse par um riacho rolar seixos e a criança amada pelo líquido do sangue que enlaça os mares do corpo humano ( Amor está na corrente sanguínea! ) Todavia eu ia encontrar-me com outra mulher / que nem era mulher ainda / porém apenas ( se isso tudo é apenas ou tão-somente ou uma nonada ) / - tão-só uma menina-moça de quatorze anos / tão só! - e tão só quanto a minha solidão máxime em Robinson Crusoé em solitude na ilha / que é o homem e a mulher em corpo humano e corpo de ilha respectivamente ( corpo de ilha é terra igual corpo de homem ) Ah! solidão e solitude!... similar à solidão e solitude que feria a menina dentro da qual havia um mar vermelho que corria para o amor - que amor é sangue está no sangue! - mar vivo contraposto ao mar morto à marmota e ao mármore no qual Micheângelo ou Rodin... ( Insulado é o corpo humano / fechado em si para a vida / Hermética ilha a vida em seu interior / ou seus inúmeros interiores físicos, químicos, eletromagnéticos, espirituais ... os quais trancam o castelo feudal com ponte levadiça abrindo a flor em racimo apenas ao espírito pensante à alma filosofante que doa amor ao rapsodo que recebe... ) Sob a perspectiva filosofante da obra de Joan Miró / naquela noite que eu imaginava ser uma mulher pintada pelo artista / ( e não uma noite propriamente dita ) / apenas minha filha andaria comigo / Ela estaria junto ao meu caminhar / na melhor parte do meu caminho sob lua / abaixo do luar balouçante / móvel lua similar a um gato sorridente / no escuro que faz tez da madrugada / No seio daquela noite pintada pelo palor do luar / que no novilúnio não é lívido / não é de uma lividez que vai ao amarelo macilento / pálido amarelo do vampiro inexistente / imagem tétrica da noite / representada como ser humano / conquanto morto-vivo / sem o sol regando a diva anterior aos cabelos louros da aurora semi-desperta / mas com a lua e as estrelas notâmbulas / caçando morcegos e corujas pelos coruchéus / sempre, entretanto, contíguo ao alvo que corre no leito ou álveo do leite / da terra que mana leite e mel de abelha amada no favo / com flor de laranjeira para o amplexo na barra da alva / favo engasgado e engastado em abelha / engaste da abelha-rainha / uma gema-viva e mais preciosa / que o tesouro do mel / - arroio suave originário do néctar da flor... Em perene canto de aboio - o arroio... descia a madrugada Andarilhos à sombra imensa da noite / sabíamos que somente minha filha teria genética / para me seguir por aqueles ínvios caminhos de peregrinos / dentre os quais ela buscaria comigo a mulher dentro da noite / não a mulher de Miró integral no corpo de trevas noturnas / mas apenas uma mecha do cabelo da mulher virtuosa / essa safira ou preciosa ametista / pérola negra esmeralda turquesa turmalina / porquanto a mulher virtuosa é um ser quase mitológico / se não fosse tão simples assim / como um unicórnio / ( o unicórnio alegre de Salvador Dali - unicórnio surreal, surrealista sustentado no universo surrealista do pensamento... - que pensa o sonho um jardim para o vegetal - o onírico vegetativo pensante no sistema nervoso que envia mensagens ao corpo humano e ao corpo do unicórnio surreal ou mitológico mítico... - mito que cavalga rito!... ) um ser no meio do existente / - meio existente no meio da vida / em meio ao meio ambiente / porém ser apenas na fauna do cérebro humano / e não ser existente na realidade natural / ( fora dos fatos naturais / presente e existente somente dentro do cérebro / e como símbolo da mente / que criou o unicórnio / como Deus criou o homem e a mulher / para além do meu cepticismo estúpido / que existe ao sabor do pensamento imaginativo do homem / dentro desse mundo interno ) / Enfim, uma mulher bíblica/ já quase inexistente ou em extinção / devido à ação predatória do homem / alienado em mídia ou empresa / ou outros monstros e ogros tais / da alienação do pensamento turvo / - torvo corvo estorvo / Pela mulher dentro do corpo da noite / em parábola de Joan Miró / - na alegoria do artista / a mulher que é a deusa / na pele da noite / noiva da consciência em tez negra / vencendo a foice com que a lua se transmuta / simbolizando o carrasco em forma de sociedade-foice / ( a lua desenha símbolo?!) / - derribando com a guilhotina / a cabeça da mulher virtuosa / mas deixando ainda vivo / por alguns minutos sexuais / minutos finais de atividade elétrica o corpo da fêmea / que é semelhante / não a Deus / ( às deusas gregas e romanas do antigo museu do surrealismo grego... ) porém aos animais no cio / para pasto de faunos e sátiros / de mundo irreais para a paixão / que odeio no cristão / não obstante amar no pagão / românticos surrealistas...: surreais românicos! A mulher em Joan Miró / pura poesia é / mas fora dele também / - é poesia mais vasta / ao se por no mundo / ao por seu ser feminino no mundo / aberto aos campos e prados vastos da filosofia / que pesca e pesa mentes dentro de cérebros / peixes em águas profundas / - pesados cavalos-marinhos sem cavaleiros ou amazonas a montar livres no seu vegetar e na sua pensante-vegetante filosofia do real ao surreal
O homem morto é aquele que só tem vida para trás - não para a frente ( Vida pretérita não é vida apenas alegoria de vida metáfora para a alma morta sem clorofila e outros glicosídeos industrializados pelo violinista verde a um tempo um boticário e um hábil farmacêutica dono de uma farmácia de manipulação - um herborista enfim herbolário ervanista ) O morto desquita-se da vida que é o vegetal no ser humano o qual faz a flora e o fauno funções do corpo anatômico e fisiológico do fauno olvidado nos compêndios de medicina e biologia ou antropologia forense Possui apenas memória de vida na alma do retrato - ponte de luz e sombra dispersa no tabuleiro de xadrez com o pé escuro da noite e o pé claro do dia a pisar as casas no tabuleiro - relojoeiro joeiro a joeirar Ser de vida pregressa sua vida é iconográfica geometria de alma escapista também verbal de papel manchado de signos desenhos em nanquim - longe do vegetal do verde vitalício excepto até onde for pintar as bactérias sua obra surreal por mãos de Joan Miró e outros seres verdes naturais atentos nos miosótis teimando não serem esquecidos ( "Não-te-esqueças-de-mim" é a letra da canção lendária que geme o pobre miosótis já planta a medrar no Jardim do Éden primitivo corpo vegetativo do homem - definido na onomástica como Adão o Adão onomástico ) Não vegeta sobre o solo ( para clarinete violino terra fresca com cheiro forte de raiz de erva daninha viçosa ) não mais é vegetativo - o sinal é negativo para o vegetativo e não passeia os cabelos crespos pelas ervas com o pente da brisa fagueira penteando folhas defraudadas ao vento qual bandeiras de navios piratas com bandeira negra hasteada no navio do capitão Barba-Roxa ou de algum corsário ou flibusteiro piratas do Caribe do mar do Caribe o mar dos Caraíbas - autóctones aborígenes indígenas em pé de guerra contra os alienígenas O sistema nervoso vegetativo ao cessar o fluxo vital o qual fui na água - rio em cachoeira no sangue procede à falência dos nervos e órgãos ( Pára os Órgãos dos organistas Buxtehude e Bach ) ao perder o vegetativo verde na parada ou quietude incômoda da água que não mais flui ("fluminense") em longo e doce riacho - fluído indo para baixo aonde o mar brame e espuma ( sem altitude na ""baixada"" dos Países Baixos ) O simpático e automático ( autônomo ) sistema nervoso cuja função precípua é alimentar um berço de mar oceano com uma berceuse composta por Debussy pensa e nutre os demais sistemas - pensa a vida e sabe da alma e do corpo humano uma mescla de espaço preenche de matéria e tempo dinâmico ou energético - Entretanto o homem morto que ficou deitado em cruz pelo caminho é um objeto que perdeu a planta e a semente angiosperma ou gimnosperma espargiu pelos caminhos verdejantes ou ressequidos O homem morto não partilha do pistilo da flor campestre portando não está presente na rede vital que é vegetal nos primeiros passos invisíveis de uma forma arbustiva a medrar ou um tronco de árvore a se entortar no frenesi por raios do sol porquanto alma é verde derreia-se pelo verde - verde clorofilado afinado pelo violinista verde e o azul no céu tocando uma berceuse cerúlea antes que se proceda à calefação das trevas e venha célebre montada num alazão a amazona cuja missão é anunciar de anjo e trombeta o apocalipse feminino que se avizinha na ponta dos cascos com ferradura batendo em ritmo o tambor do solo ( ou solo de tambor no ritmar das patas do cavalo bravio relinchando pavorosamente enfatizando que as bestas são convocadas para porfiar ferozmente e até a morte na guerra do Armagedom ) solerte e paradoxalmente entregue à própria sorte e aos sortilégios das feiticeiras - tudo antes que seja meia-noite e surja o anjo exterminador empunhando a espada justiceira e o exército dos demônios em legiões romanas sustente a batalha até a alva desmaiar no céu que antes era treva e boca de treva a devorar cor de anã vermelha Sem sistema nervoso vegetativo simpático e parassinpático - carente desses sistemas de pensar a vida construir arquitetar e manter a vida hermética na alma assim o homem morto não pode mais pensar verde pensar vegetal ou vegetativamente refletir e defletir o verde na alma pintada dentro de um verde invisível com tinta pra semblante de taitiana que Gauguim não pintou legível em espectro não deixou pensada e relatada mas apenas em nuances de cores do verde extraído do ciclo vegetativo que engendra a vida e a engenharia da alma ( A engenharia da alma é mecânica move-se no sentido vetor do latim e na força em aceleração de Newton o filósofo natural junto à Darwin que também pensou a vida em natureza ) O homem morto dependura-se no verbo e no retrato porquanto sua vida é um artefato sem alma na concha - concha acústica aonde se pensa foi parar o som do mar no vento rascante O morto é visível em seu tempo apenas cercado pelos objetos do seu tempo que mantém seu corpo metafórico ou em holograma na jaula da iconografia ou da hagiografia através dos móveis e utensílios circundantes circunstanciais que fazem o tempo com mãos de carpinteiros e contabilistas cercando-o de objetos e artefatos os quais o daguerrótipo flagrou como resquícios e relíquias no corpo do tempo quando vivo o homem a mirar do fundo do retrato a cantar no fonógrafo quedo no museu do som sem as cordas das ondas senoidais ou vocais registrando a voz guardada no relicário - dentro do ouvido interno que escuta o que alguém já ouviu quando estava com o corpo imerso no tempo - banhado pela água do tempo que lhe dava alma pingando vida na chuva ( O fonógrafo é um ouvinte do tempo que capta a frequência do homem morto canta e ouve com ele junto ao ouvido de quem continua vivo porquanto o fonógrafo é um ouvido externo que promove a intersecção entre vivos e mortos - artefato que guarda o tempo incólume na Baía de Baffin no Golfo de Carpentária ou no mar Cantábrico ) Aquele que pereceu é um ente inexistente enterrado no ser - com alma arraigado no ser porém não alma natural mas alma artificial plantada no discurso que recolhe e doa essências onde não mais há existência do ente fenomênico que partiu o coração das cinzas no charuto e no cachimbo que faz o vento fumar no evolar e enrolar da fumaça em volutas espiraladas que denuncia os caminhos e a dança ou balé do ar um bailarino com corpo de vento O homem morto Ah! o homem morto!... : Este ser não mais existencial teve a vida dissecada por conceitos concepções filosóficas sobre essências pois o morto é apenas um corpo sem porto de alma sem visita de fantasmas sem existência sem prática do existencialismo humanista e ateu ou agnóstico que caracteriza o sábio incréu pois o filósofo sempre é céptico diferentemente do parvo sempre crédulo e pronto para mudar de crença conforme a política filosófica instante no momento vento que passa pelo om do coqueiro e do coco que cai no solo para coco sopro e instrumentos de cordas no vento - o vento é templo para música A morte é uma realidade trágica para dois poemas - um poema trágico ou canto do bode que pode ser de Pã e dos sátiros - enfim o canto não do cisne a celebrar a morte mas do fauno a afirmar a vida e conceituar a alma em latim porém não em significado cristão mas sim em sentido de latim pagão de Roma imperial sob césares tenazes e corruptos Por fim o outro poema é o cômico uma ópera para rompante de bufão italiano - ópera bufa originária da comédia da arte e da comédia e sátira grega com Luciano de Samosata no frontispício e outra obra que traduz a ironia que perpassa o pensar grego fluindo do racional ao irracional desequilibrando Shopenhauer e Nietzsche em tempo desagregado do homem gregário face ao morto solitário ou em solitude corporal A natureza em flor para o homem vivo é o paraíso com serpente peçonhenta - flora e fauna no imaginário incapaz de ler símbolos enroscados dentro dos signos que os gregos tinham ao evocar o deus Pan o grande sátiro o bode meio homem o fauno romano - enfim um ser divino porque ente natural ou silvestre e social no culto religioso que é o rito da tragédia - um canto para um deus ou para vários deuses pois é a natureza em pelo eriçado de luxúria que subjaz em inúmeras divindades - subjacentes divindades floradas no fauno Hoje atua a superstição ingênua e totalitária da ciência conceptual que não sabe ler o fauno nem tampouco reconhece a anatomia e fisiologia do fauno antes a ignoram por preguiça de desvelar o código subjacente que assinala a semiologia do fauno Inspirados e ancorados na obsessão cristã sobre a monogamia apresentam e cultuam tão-somente o corpo da deusa ou corpo de mulher que ficou sem a companhia de um deus no panteão natural ( e sem sexo consequentemente! ou com sexo para boneca inflável...: no uso sagrado da camisinha-de-Vênus ) quando surgiu os conceitos e onomástica para flora e fauna vegetação e animal em menoscabo ao princípio fundamental de macho e fêmea princípio da gênesis e da razão suficiente nos filósofos ( eleatas estóicos cínicos idealistas realistas materialistas pragmáticos ... de filosofia maior ou menor consoante a necessidade contextual que veste e reveste a alma no que urge o tempo sem mugir nem tugir evidentemente ) A realidade greco-romana expressa em mitologia ( antiga ciência com poesia ou ciência com alma ciência viva ou ainda filosofia do filósofo natural à la Darwin ou Newton ou da filosofia maior de Aristóteles cujo objeto de estudo é a física ou natureza do fauno e a metafísica ou pensamento humano expressão que o compilador do filósofo cunhou ao sair da física do estagirita e o pensar do fauno sob o sistema nervoso vegetativo através das artes poéticas e plásticas e também da geometria ciência que mensura o objeto metafísico ou apriorístico ) O estudo do animal enquanto fauno do corpo do animal sob o corpo metafísico do mito sendo a mitologia a metafísica primeva dos antigos um corpo de estudos para pensar o que não é física ou natureza consoante o "deus" ou a "deusa" seja da mitologia grega ou romana Afrodite ou Vênus Esta avoenga anatomia do corpo humano ao mesmo tempo exprime o vegetal presente no macho e na fêmea porquanto é o vegetal o primeiro animal ou animal lento de gestos em outro ritmo dentro do tempo gesticulando em outro espaço para olhar e o animal que é o vegetal lépido livre da raiz que o prendia ao solo ( A anatomia e fisiologia do fauno e da flora pode ser estudado dentro do corpo humano na semente ou sêmen do macho que é o fauno romano da indústria extrativista do mito e no ovo da vida objeto vital que expressa o animal o vegetal no animal fêmea enquanto flora na forma poética e delicadamente poliforme da deusa Flora ou energia quântica consoante o violino empunhado pelo homem no tempo inventado aventado para evento de vento nas narinas sopradas pelo oboé arcano musical no coro das Musas com o violino ) Hoje se despreza o fauno ou forma zoomorfa do ser humano ou os debuxos da idéia antropomorfa da divindade presente no homem e na mulher pela operação da mitologia nas formas do fauno e da flora em atenção ao princípio fundamental de macho e fêmea na dança da natureza que une fauno e flora no amor sexual do homem e da mulher primitivamente uma paixão expressa na vontade do macho e da fêmea que buscam se realizar no sexo e neste dar à luz outro ser Não obstante o bom senso prevalece o contra senso tamanha e tacanha a estupidez científica transliterada para a onomástica porquanto não mais o Fauno exprime a natureza do animal no corpo anatômico e fisiológico do homem bem como o vegetal que é onipresença na folhas que circunda a cabeça do fauno e a cornucópia à mão pois a demência cristã que tudo invadiu e perturbou gravemente enfim, o imaginário sem tato para a arte e a natureza na ciência cristã apenas passeia pelo conceito de flora a deusa da vegetação ou diva vegetal ou divindade presente na realidade pelo sistema nervoso vegetativo que tudo cria e cura graças ao poder inenarrável da criança miraculosa ( Todo o poder da criança é o poder de Deus transliterado ) Todavia e contra toda perspectiva filosofante hoje sob a ciência subserviente ao cristianismo sobrevive apenas como objeto mental a duplicação estéril e espúria do feminino a ignorar a fertilidade e a necessidade de paixão sexual do mundo vegetal que está imerso nas matas do sistema nervoso simpático parassimpático ou autônomo com piloto natural e automático autônomo piloto que guia o sexo do homem ao sexo da mulher no princípio que move o universo com flora e fauno - e não flora e fauna ( não flora e fauna! duas expressões para a feminilidade! - uma aberração do pensamento ) excepto se a opção sexual se orientar no sentido da Ilha de Lesbos onde se deu a poesia de Safo que canta o amor entre mulheres ou do homossexualismo na Grécia e em Roma O homem morto perdeu a alma ou teve sua alma retirada pelas narinas e colocada numa ânfora e junto à alma retirada cirurgicamente veio tudo o mais para o exterior ficando dentro apenas uma disfunção em mefítica podridão sob os bálsamos da múmia Perdida a alma que é a vida ligando tudo colando o pó do barro ou os cacos da ânfora ou o alabastro despedaçado buscou a idéia outra forma de alma que não obstante a forma não tem conteúdo de alma não possui vida nem morte existe e não existe simultaneamente porquanto é uma mera concepção humana um pensamento se procurando no ser que cria o homem vivo com a alma enterrada no barro do corpo humano Enquanto idéia o homem morto é tão-somente a expressão da idéia em si fechada em seu circuito ou diagrama esquemático sendo uma idéia efetivamente algo universal a simbolizar o homem universal o qual de fato não existe uma vez que tal homem é todo homem ou todos os homens ou todo homem enquanto indivíduo separadamente ou insulado do contexto o que não precede à existência mas sobrevive apenas em essência lógica escrita e apta para existir enquanto história ( glifos e hieroglifos e geoglifos nos genes ou signos genéticos vivos que se escrevem a si escritores, auto-escribas que são do corpo humano cuja arte passa de pai para filho nesta guilda ) e portando ao representar ao idéia de todos os homens e joeirá-la individualmente concomitantemente não resta na conta nenhum homem apenas uma concepção de que se ocupa a razão um conceito desenhado na fina geometria árabe da álgebra que descansa em belos arabescos e cálculos tão abstratos que não são nada ou então é zero ou menos zero e também tudo e infinito simultaneamente e no mesmo espaço Por fim o homem morto traz à baila desde os primórdios do primeiro morto a deitar irremediavelmente por solo a expressão que ficou na lenda do miosótis a qual exprime uma eufêmia primeva e milenar a sussurrar `a boca do moribundo ou do amante preterido que súplice implora pateticamente para não se esquecerem dele quando se perder no azul miosótis do céu - um mausoléu acima da cova rasa a brincar com as ervas daninhas dos baixios aonde descerá seu corpo já sem anatomia e fisiologia de fauno nem guirlanda para a noiva ( uma idéia poética para sexo casamento reprodução desejo luxúria e outros demônios de Fussli que assustam o pobre menino cristão no quarto escuro ou assombrado! - sempre Íncubos e Súcubos na pornografia da Inquisição espanhola! pois somente assim se justificava bater o martelo para condenar inocente bruxas que nem eram bruxas mas meros conceitos de bruxas ) Por fim e para por fim - o homem morto não ressuscita mais mesmo que fosse cristão daqueles mártires no Coliseu servindo de entretenimento a Nero os nobres e o povo de Roma ( Eles só ressuscitaram na realidade do latim cristão que cultuava uma alma sobenaturalista ) Nem o latim de Roma o latim oficial dos eruditos romanos escrito e falado por Júlio César e Cícero Ovídio Lucrécio Horácio e Virgílio Romano que poderia ressuscitar - de fato não o pode de fato ( "poderia" é verbo indicativo no tempo e modo de inexistência ou impossibilidade fáctica de existência apenas possibilidade teórica ou no ser que o homem fabrica como o conjunto das coisas com os objetos e fenômenos naturais e artificiais no homem em seus sentidos e significados ) pois conquanto seja o latim uma língua morta - apenas um outro homem morto ou uma mulher morta sendo língua ou conjunto de signos e símbolos reunidos pela mente humana que as arrebanhou dentre os artefatos culturais - sendo portanto o latim apenas uma língua morta o que equivale a dizer : um ser humano em signos e símbolos um ser humano tecnológico um ser humano alienado no artefato que inventou não obstante esse fato inconteste - o latim não tem mais contexto para ressuscitar enquanto língua porquanto não está mais na teia da vida na teia tecida pelos poemas alcançados pela língua não tem como ressuscitar a aranha ou a vida simbolizada no aracnídeo "tecelão" apto a tecer uma teia pontificial que seja ponte ou liame entre a alma morta na antiguidade clássica e a alma vital presente no mundo contemporâneo alma coeva Tal tarefa é impossível mesmo sendo o latim tão-somente uma língua morta nada mais que um homem morto em signos e símbolos com a cruz cristã cruzando as pernas irônicas sobre a pedra tumular à beira da estrada Do exposto pode se concluir que nem mesmo uma língua que é apenas um trapo de homem feito de signos e símbolos não sendo um ser vivo não trazendo u fauno dentro de si pode ( não pode!) ressuscitar dos mortos e voltar a estar entre os vivos - imagine um homem - o homem morto voltar à vida arrastar a alma que se perdeu no ar de volta à inspiração das narinas ansiosas ou sair da hóstia tal qual um pintainho do ovo retomando caminho a pé descalço neste mundo hostil com hostes de bárbaros e hóstias de padres da igreja a gemer "amém" na eufêmia infinda que prostra o homem semelhante a uma fêmea no coito... exercendo o santo ofício ou o sagrado ofício da prostituição antigo rito de purificação e sacrifício O homem morto não é mais o homem perdeu-se do ser perdeu o ser não pode mais dar o ser seu às coisas que ele transformava em objetos no entanto continua no ente presente no corpo cadavérico que se desmancha paulatinamente até restar apenas a caveira e os ossos onde repousa em travesseiro final sem fronha alguma nem sono ou sonho ou pesadelo pesaroso nos olhos - até que o esqueleto junto com o crânio desapareça imiscuindo-se na história da rocha - estela escrita com geóglifos na língua do fóssil - língua morta latim de povo morto
Tudo o que era
virou cinzas
de um cigarro abandonado por um bêbado
na madrugada da lua amarela
quase aquarela
velha querela
sem taramela
tramela
onde tranque ela
na escrita em estela
entre o opaco da pedra
e a luz da estrela
curvando-se luxuriante à janela na viela
onde está pendida a flor da umbela
que zela pela chama da vela
no templo da vestal sagrada
com a bela donzela
a velar o que não deve ser desvelado
( O ato de desvelar é função do filósofo grego
não da sibila, pitonisa...
que vela o mistério
com sete véus )
Tudo foi queimado pelo tempo
e se transformou em cinzas :
a casa com o sótão
o vetusto sobrado
pedindo luar e sol ao anil
solicitando palmeira a barlavento
com marimbondos vestidos num xadrez
elegantes naquele fraque natural
a evocar noites e dias num tabuleiro de xadrez
de treva e luz branca
- num jogo de treva e luz
de anum branco e anum preto
aves de vôo claudicante
ou dividindo a noite e o dia
nos gêneros masculino e feminino
do célebre círculo chinês
que mapeia campos negros e brancos
no corpo oblongo do marimbondo
cujo vespeiro estava alicerçado
na parte de baixo da palma do coqueiro
que às vezes fazia o vento tremular
quando caía um coco com estrépido
ou uma palma já decaída
para um verde já acinzentado
verde terminal sonhando a palha
enquanto aguarda em semi-queda um pára-queda
descaindo no empuxo da ventania
ou num sopro de nada para cair fragorosamente
em meio à madrugada tecida a canto de galo
- cantor do candor da vida sentida
observada no corpo pelo lado de fora dos sentidos em sintonia fina
outrossim quando o vento vem bufando
e toca fole e pistão
e canta o nome de Deus
- do clemente e misericordioso Alá!
Enquanto minha imaginação
joga xadrez no corpo dos marimbondos
lá naquele lugar que foi o lar
de dois pequeninos felizes
e pais encrustados na felicidade daquelas crianças
Lá ainda brincam felizes
um menino e uma menina!
- O menino e a menina!
Oh! quanta saudade de pai
sinto daquelas crianças!
- do pai que fui
com imenso orgulho
e pleno exercício da felicidade!
e paternidade patética
Pena que felicidade não volte para trás
e se repita incessante e intermitente
tipo chuva chata
( chula se não fosse chuva )
ou tal qual uma música
com musa e estro para poeta menor
da qual muito gostamos
e tocamos com frequência
porque gravada
no coração e fora dele
nos sinais do mundo lido pelo ouvido
no fonógrafo
que nos ouve
e ouve os vivos e os mortos conosco
e me faz ouvir junto ao meu pai
e aos meus filhos
com os ouvidos deles grafados no fonógrafo
- todos ouvindo juntos! :
mortos e vivos
miraculosamente no mesmo tempo
do giro do fonógrafo
pelo ralo do buraco negro
sorvedouro em espiral
O estado da felicidade
está montado sobre o corpo do tempo pretérito
porquanto raramente a percebemos
no estado regente ou presente
porque o ato apaga a opulência infinita de detalhes
e a opção por uma espécie de felicidade
é exatamente pela imaginária felicidade
que não podemos ter senão naquele passado
quando as crianças ainda não haviam
conhecido os pruridos da puberdade
e transmutado a relação com seus progenitores
- quando irrompe o fauno
e a deusa Flora se junta à Vênus calipígia
- depois que o tempo passar pelos olhos e ouvidos
pelo corpo todo com o pelo eriçado
e somente poder dar o aceite
endossado na forma de idílio
da única moeda e sinal
que impossibilite uma transação frustrante
de um tempo feliz
que foi inventado
mas não pode ser reinventado
para um tempo
cujo contexto pode ser lido e tocado
em outras invenções
que antes não constavam dos retratos
- não estavam na foto
como novos artefatos
Sem a faculdade de abstração
que permite eleger atos e fatos felizes
e evidentemente raros
até fictícios
ignorando peremptoriamente
os fatos existentes
apagando-os da memória
- sem tal faculdade
não é possível dar existência simbólica à felicidade
porquanto não há no ar felicidade sublunar
senão o que concerne à escolha
de alguns atos em formação de arquipélagos
ocorridos em ilhas cercadas por águas
que ficam num mar interior
nadando peixe espada
nadando na água interior do marlin
dentro de nossos sonhos mais caros
- no líquido amniótico
onde a felicidade tem o poder de gozar de existência
conquanto não possa viajar de canoa
até aquele arquipélago inacessível ao mundo
ligado por um istmo fora de um mundo
o qual faz ponte para dentro de outro mundo
- este inventado e criado por cada um de nós
para deleite refrigério regozijo
Lá atrás das folhas de um oval longo
brilhosas ao sol
escondida sob o palor refinado do luar
ficou preso à raiz
o pé de canela ascendendo reto aos céus
que não pode nos acompanhar
senão em espírito
pois a alma é vegetal
é um fauno que ainda está naquela árvore
exilado quando do êxodo
- A Caneleira ou "Cinnamomum zeylanicum"
Sei que se ainda vegeta
aquele pé de canela
tem também saudades das crianças!
- daquelas crianças afeitas ao natal
criadas para eternos natais
que podiam até dispensar Cristo
por supérfluo naquelas noites natalinas
bem como todos os estúpidos cristãos
com sua fé e ritos para a morte
ou para matar através da estupidez
implantada paulatinamente na alma cristã
de todos os filhos do latim não pagãos
Ainda havia o pé de pinha
o pé de carambola
e o mais de bioma
de macrobiota e microbiota
ali junto a lagartas e lagartos
verdes ou avessos ao verde
no coqueiro que subia torto
a escada de seu próprio tronco
rumo ao céu abaulado no azul
- no muito azul!
transcendente aos olhos
imanente ao olhar
feito para mar amar
- amar o mar de cada dia!
de anum branco a anum preto
Tudo ou quase tudo
ainda está lá
inclusive a lua latindo o amarelo
o latim cristão na palmeira
o latim de Roma no lugar da alma cristã
a dizer o que é alma natural
alma para naturalista
ou filósofo natural
( os cristãos são sobrenaturalistas
que enfrentam o mundo com o medo das crianças
no escuro de um anum anti-pomba branca
na casa de de trevas do tabuleiro de xadrez
cujos jogadores de luz e sombra
são a noite e o dia )
Todavia no transcurso de menos de dois anos
do nascimento de um menino em casa
no medrar da planta desenhada dentro do neto
- aquela casa com um sótão
ficou lá atrás do tempo
preterida como um museu
o qual saiu do tempo
voou nas cinzas do tempo findo
guardando cinzas
- cinzas para a cabeça do penitente profeta
e silício para o corpo do santo
O tempo com a antiga felicidade
não é passível de reconstrução
nem tampouco desconstrução no construto
porquanto não junta mais o pó
perdido a girar no tempo daquele sol
que já passou pelo zênite e nadir
- em menos de dois anos do nascimento de um menino!
- menos de dois anos e mais alguns avos
e avós no denominador comum!
do número do tempo apagado
do que foi fogo ou brasa no cachimbo
ou da lareira na fogueira de São João
cozinhando o céu noturno
ao som de num estudo de Chopin para piano
e o espocar de fogos
e pipocas na panela
Tudo virou cinzas
de cigarro ou charuto
cachimbo espiralado
acompanho as volutas de fumaça no ar
- sendo o oxigênio, o monóxido e o dióxido de carbono
a base aonde se vai desenhar a fumaça branca
procurando caminhos para o céu
evoluindo até a Via Láctea
- a qual é algo no leite
no lácteo da via "Crucis"
assinalando ou sugerindo fumaça
desenhada no plano lógico da geometria
primeiro instrumento técnico
que serviu ao engenheiro e ao arquiteto
à engenharia mental induzindo a técnica
levando a voz à tecnologia
pela língua em seus conceitos filosóficos-lógicos
e a linguagem matemática
que transcreve a abstrata gnoseologia da álgebra
bem como a geometria algébrica
originando arabescos e pensamento árabe
sagrado e profano
Nada restou
nem cinzas do homem morto
na casa que enlouqueceu
e ficou sem porta e parte do telhado arrancado com violência
pelas intempéries sazonais
A casa cuja entrada estava toda suja
devido à falta de varrição e capina
- o caminho de entrada impedido por ervas daninhas
que armaram laços para os pés
de quem ousasse lá adentrar
uma réstia de luz e sombra do portão quebrado e escancarado
- da casa aonde passou a morar o louco e o mocho
e os morcegos leitores de trevas sapienciais
onde antes viviam duas crianças saudáveis e belas
montando estrelas no céu
- nos arredores da casa
que desapareceu no vento!
- fugiu com a primeira ventania!
- quando aquela família desmantelada
como se faz a um brinquedo quebrado
abandonou o lar...
- deixou para trás
nas cinzas de um universo pretérito
paralelo e em bolhas
o entretenimento dos marimbondos enxadristas
com os físicos quânticos
e os poetas menores
que sabem onde vive a poesia
no universo que não é maior nem menor
não importa se o objeto é uma galáxia
ou um simples azul miosótis
- que não pode ser esquecido!